Veterano do RPG comenta sobre as eternas "Guerras de Edições"

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Na pagina do facebook da OSR Brasil, uma pagina sobre jogos Old School Brasileira, acabei de ler esse comentário de Frank Mentzer (deixei o link para vocês verem em inglês, se quiserem), no qual ele desce o cacete discorre acerca sobre a guerra perpetrada pelos inveterados rpgistas acerca do que seriam as "melhores edições" . 

Para aqueles interessados tomem aqui a versão traduzida: 

"Nos anos 70, os jogadores de Wargames detonavam os novos "roleplayers". Na década de 80, o meu D&D RedBox vendeu mais de 40 milhões de cópias em mais de 20 idiomas. Primeira Edição e Segunda Edição estavam no topo nos países de língua inglesa e a Redbox dominou o resto. Estima-se que eram mais de 100 milhões de jogadores no total.  
Na década de 90, os RPGistas detonavam os novos jogadores de card games. O RPG despencava, com possivelmente só 1% do número de jogadores do pico, e a TSR morreu. Os novos donos do D&D tentaram descobrir o que os jogadores queriam, e só ouviram ruído e caos. Cada grupo -- Edição Zero, Edição 1, Edição 2, versão Moldvay, versão BECM -- parecia focado na sua edição e detonando as outras. Já que o público jogador estava cheio de facções opostas, os novos donos (Wizards) desenvolveram a Terceira Edição com base nas suas próprias ideias. Ela se mostrou tão cheia de buracos que a errata foi massiva. (são os remendos que chamamos de Edição 3.5, resultado de três anos de correções)
Na primeira década de 2000, a "guerra das edições" focava mais em new school (estilo com muitas regras) vs old school (poucas regras) e era endêmica.  Em 2008, mais uma vez seguindo as próprias ideias por questão de necessidade (tendo em vista um hobby desorganizado e em guerra consigo mesmo), a Wizards lançou a Quarta Edição. Era muito bem escrita, bem organizada, muito mais rápida de jogar que a 3.5... e ignorada pelos veteranos do hobby quase que inteiramente, tendo como público-alvo uma geração mais nova que cresceu com videogames. Quase que simultaneamente, uma empresa mais esperta criou sua própria versão do 3.5, o Pathfinder da Paizo, que continua a dominar o mercado.
Mas nos anos de 2000 em diante, muitos perceberam que as Guerras de Edições eram ruins pra todo mundo. O hobby havia ficado disjuntado, incapaz de apresentar uma preferência concreta. Alguns de nós começaram um esforço SÉRIO pra acabar com a Guerra das Edições, auto-censurando nossas opiniões negativas e promovendo o hobby como um todo, e não só as nossas preferências. Nós tentamos - antes e agora - minimizar o conflito inútil que atrapalha tanto o jogo quanto a indústria.  Em parte devido a essa mudança na indústria (menos conflito), a Wizards abriu para os jogadores as ideias sobre o que viria a ser o D&D Next (Quinta Edição). Eles conseguiram mais opiniões do que o esperado, e redesenharam o jogo diversas vezes refletindo os interesses dos consumidores em potencial.

Eu tenho orgulho de tantas pessoas se esforçarem em colocar a energia gasta em Guerra de Edições em coisas mais produtivas e saudáveis para o RPG. A lista de celebridades da indústria que batalham pela harmonia é longa e expressiva. 

Mas nós na indústria de jogos ainda temos que ligar com aqueles que não conseguem ou se recusam a ver a situação como um todo. Alguns usam "liberdade de expressão" pra justificar seus ataques ao jogo ou partes dele. Alguns justificam como "uma honesta divergência de opinião" (ao mesmo tempo que fazem acusações e xingamentos). Mas não importa como justifiquem, o resultado é claro: quanto mais conflito você promove, mais o hobby é fraturado, e ninguém que cria novos jogos vai conseguir ouvir o que você quer.

Nós, os profissionais da indústria tentando criar jogos melhores, vemos a sua recusa em cooperar, recusa em contribuir, recusa em ter um posicionamento positivo. Tudo o que você faz é destruir. Nós não ouvimos você. Você não tem voz.

Eu tenho 35 anos de experiência na indústria de jogos e escrevi a versão mais vendida de um RPG em todos os tempos. Mas ignore qualquer argumento de autoridade. Livre-se dos seus preconceitos e amplie seus horizontes; veja o efeito direto que a negatividade e o conflito causam no hobby. E tente ser mais positivo, aceitando que todas as versões de todos os RPGs podem coexistir pacificamente, e faça sua voz ser ouvida defendendo positivamente que tipo de jogo você quer. As pessoas vão ouvir; sua voz pode fazer a diferença.
 Mas se você continuar negativo sobre os jogos, essa mensagem também será ouvida, e você só vai receber o que alguém achar que pode vender pra você - independente do que você quer."


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